terça-feira, 7 de outubro de 2008

pai e mãe 24 h

Capítulo 2 parte um – o passado...
Olhou para o céu, pela posição da luz do sol sabia que já eram quase cinco horas da tardem, e este era seu horário preferido do dia. Esperou mais um tempo e depois se posicionou em seu lugar de sempre; no fundo do quintal em frente ao buraco na parede. Antes, havia conferido dentro de casa para ter certeza de que realmente estava tudo bem. Não havia problemas, sua madrasta dormia um sano tão pesado que chegava a roncar. Ela esperou por mais uns minutos olhando pelo buraco, até que finalmente sua vizinha chegou e entregou-lhe a pequena trouxa rapidamente, dentro dela havia: um pão, uma banana e um pedaço de doce. Ficara muito feliz, este era seu lanche preferido, agradeceu a mulher e comeu tudo ali mesmo. Ao entrar em casa levou um susto imenso, pois sua madrasta já estava de pé e irritada como sempre resmungou:
-Onde é que tu tava heim!
Ela respondeu no mesmo tom:
-Ali no quintal, porque ta cega é? Que não me viu entrar em casa!
Sua madrasta respondeu desta vez mais enfurecida:
-Você trate de falar comigo direito viu sujeita, se não além de quebrar sua cara eu arranco sua língua fora!
Ela deu de ombros e saiu despreocupada, já estava acostumada a brigar com sua madrasta, certa vez a confusão foi tamanha que ela teve que sair correndo de casa e se esconder embaixo da cama de sua tia que morava algumas ruas a frente de sua casa. Embaixo da cama, obviamente não era um ótimo lugar para se esconder, mas ela só tinha 11 anos, era apenas uma menina natural que escolhesse um lugar de desse tipo. Ela vivia nesta situação desde os sete anos, quem a criava, ou melhor, a mal criava praticamente era sua madrasta, pois seu pai era caminhoneiro, vivia viajando. Passava duas semanas em casa e dois meses na boléia de um caminhão. E quanto a sua mãe ela não sabia ao certo, uns contavam que ela era uma péssima mãe e havia dado a menina e os seus outros três irmãos para alguns familiares criarem e saiu viajando pelo mundo. Outros, dizem que sua mãe foi afastada dos filhos e nunca mais conseguiu recuperá-los. Enfim, a menina não sabia o que havia acontecido, tudo o que sabia era que a situação em que se encontrava não era nada agradável.

Capitulo 1 parte dois – o presente...
Hoje sem dúvidas alguma minha mãe acordou com a cabeça na lua. Acabou de ligar aqui pra casa uma senhora muito simpática dizendo que pediu pra segurar um envelope da minha mãe, hoje cedo no ônibus e ficou conversando com uma amiga ao lado. Quando a senhora não tinha mais o que conversar com sua amiga e procurou a minha mãe, ela já havia descido. Minha mãe acordou muito mais cedo que o normal hoje e saiu reclamando porque tinha que ir ao médico só pra lhe entregar um exame, saiu levando apenas isto consigo. Infelizmente até agora a única pessoa que os viu foi à senhora muito simpática que estava sentada no ônibus.
Capitulo 3- meu pai...
Ele anda sempre atordoado, guarda as suas coisas tão bem guardadas que nunca consegue lembrar onde as colocou. Ele até tenta memorizar os lugares, mas não adianta sempre perde tudo. Acho que ele faz isso porque gosta de brincar de detetive, sempre que perde algo inicia quase um inquérito policial para saber exatamente onde cada pessoa da casa estava e o que fez até segundos antes do acontecimento. Todos são suspeitos enquanto ele não perceber que não colocou a caneta ou as chaves em cima da mesa como pensava e sim no guarda-roupa!

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