terça-feira, 14 de outubro de 2008

Gelo e mel no assoalho

Estive me perguntando se alguém, algum dia, me leria. Não espero que me reconheçam entre linhas, pois não me formo apenas de linhas, apenas uso delas para ser além. Porém, a pergunta em que me pego pensando é se estaria você me lendo, agora.
É frustrante um monólogo. O quão longe se forma opiniões quando se um só se expõe?!
Espero que longe o suficiente pra seja lido, talvez se não fosse ousadia, diria até longe o suficiente pra ser querido.
O pássaro pousou, pra sobreviver precisa ser breve, objetivo. Esse pássaro não tem necessidade de participação nesta história. É que com os dias de escrita percebo o quanto tenho de improvisar para transformar uma curta história em longa. Já que usei o pássaro, continuo presumindo sobre a vida dele. Ele não parece temer a morte, apesar dela estar cada dia mais próxima. Afinal, a vida é um eco do nada. A alma do pássaro provavelmente já morreu, mas seu corpo não sabe e ainda se movimenta entre as lacunas do espaço.
Minhas mãos são muito brancas, e mesmo parada me sinto tonta, no escuro sinto cair. Mas o pássaro não sente a minha presença. Ele já vai longe, voando para o seu ninho. Contudo, olho a ida do pássaro, meu único amigo e tenho que dizer: “A vida é uma batalha na qual eu já fui vencida”.

Um comentário:

polly disse...

Eu li você, o pássaro e a vida.
A vida é boa por que é só isso mesmo.