Jazz. Escuro. Abajures aquecendo a mesa. Todos balançam a cabeça ao som do trombone. A voz áspera do cantor enche a sala.. Os músicos batem o pé ao ritmo da música. Dream a little dream of me. Até o garçom parou de servir só pra escutar. Encostado no batente da porta, nem se move. Alguns casais dançam lentamente. A vida é esplêndida.

Você acorda disposta. O mundo amanheceu mais bonito. Casais andam de mão dada, é domingo. A cor do arco-íris é domingo. Amigos conversam felizes, crianças brincam nos parques, é domingo. Você se aquece mais um pouco na cama, e logo volta a dormir. Ah, como é bom um domingo.

Um filme antigo na tv. Som de piano ao fundo. Desligo. Dia nublado. Ar triste, nariz vermelho. Penso nele. Debaixo das cobertas. Não quero levantar. Dia demorado e frio.

Assobio na rua. Banho morninho. Vontade de dançar, cantar. Sorrir. Vontades que vêem do nada. Lálálálálálá... Como os antigos musicais, em que tudo que eles iam falar começava a música. Quem fala assim? Quem canta quando vai dar uma informação, vai responder uma pergunta, está muito triste, ou muito feliz? E como se compõe letras tão lindíssimas em minutos? Como o par sempre sabe completar as frases? A vida seria boa se falássemos tal qual os musicais.

Exercício. Malhação. Alongamento. Suco de laranjas e uma maça. Corre para a escola. Aula chata. Professor medíocre. Volta á casa. Começou as férias. Saídas. Boates, shows, cinemas, amigos, ficadas. Despertador, mal começou as férias já começa as aulas. Acorda com cara feia. Exercício. Malhação. Alongamento.