terça-feira, 30 de setembro de 2008

O quiosque dalgum lugar

Era
lá no colégio
o centro onde ela
e mais uns sessenta
alunos...galera que se juntou
fulanos de lá mesmo, da terrível
Estância e de outros tantos lá... povo aleatório
melhor estatística grupal, treinamento de bichos
pra passar pela fina fresta, dum mundo possivelmente normal
Era nada mais que uma casa antiga, violentadapara ser centro de
treinamento, pelo menos, nem todo mundo queria ficar louco
e bitolado em comer livros, e dizer que tava dormindo
pouco pruma merda daquela... que quando entrasse
ela não daria crédito. Mas para não dar
crédito, tinha que entrar.Entrar de
Qualquer jeito, de qualquer modo
ela sabia.Mas era
Gostoso fingir
Estudar.

Quintal


Seu amor era sangue

Jorrava dos vasos

Era rosa.



Seu amor era suor

Lambia o corpo

Era chuva.



Seu amor era sexo (sonho)

Abria minhas rosas

Era sábado

Não pesa dele ( pra finalizar)

Ela sabia que podia se aproveitar de minha confusão momentânea que tenho sempre quando acordo...

- Cadê meu pai, mãe????

Mainha fingia não entender. Fingida!
Abri a porta do meu quarto, onde meu pai havia dormido.
O cheiro dele estava entranhado lá.
Do perfume dele.

Peguei a velha mochila. Rua!
A velha atrás, grunhindo algo que não me convinha entender.

Eu sabia. Eu havia entendido todo o mistério da morte, da vida, do pai.
Era terça- feira, quase uma hora da tarde... e fui ter-me com aquele que me ensina a escrever as coisas mais belas que já li!

Sobre Michelotto (segundo texto)

Silencioso. Calmo.
Os olhos calmos, sem olhar pra lugar nenhum.
A boca selada, as rugas tomando o rosto.
O cabelo dourado, estranhamente dourado.
E seu eterno silêncio de cinco segundos.

Amarelo Manga

A frase ecoava. Frase não, palavra!
amarela...
Penélope olhava para as próprias mãos: amarela.
A lágrima rolava pelo rosto amarelo. Amarelo não, verde!
Penélope chorava de raiva também de Ernesto, aquele safado...
E de seu Dia Amarelo feito em homenaem a ela mesma
Sabia que o amarelo do dia era em relação ao tom da pele, ao sorriso , aos olhos, à vida de Penélope.
Aquela amarela queria morrer.
Sentia que era inútilno sistema.
Que dela ninguém sentia falta
Que Ernesto havia lhe falado que por ela apenas sentia pena.
Descobria aos poucos que ninguém em sã consciência ficaria com um ser tão bulímico, verde, nanico, feio e burro como Penélope.
Penélope tampouco merecia o próprio nome
Queria ter um nome tão feio quanto ela


Mas... era só besteira da cabeça dela... hehehehe

Sobre Layla

Leve, leve, leve, como uma pena que flutua nos ares, branca... e vai sendo levada pelo vento, dançando conforme o tempo, dando cambalhotas nas nuvens e fazendo graça a quem passa. ela não precisa nem sorrir pra fazer rir, tudo que ela fala se transforma em borboletas; é linda, linda, com cachinhos dourados, com os daqueles anjinhos que a gente vê nas pinturas.
Layla, LA-E-LA, sim, porque em todo canto ela está, esbanjando paz, amor e alegria, assim como ficam os meus dias quando ela está por perto.

Sonho


É estranho, muito estranho.
A cabeça parece que não funciona, o corpo não responde a mais nenhum comando, sua voz desaparece.
A sensação é de que um outro alguém entra em você e passa a controlar todos os seus sentidos.
Incrível, mas é isso que o acontece. E o que a gente mais quer é ficar assim, abraçada, e por algumas horas parar.
Parar de pensar nos problemas, nos desencontros, nas brigas sem sentido. Nas desculpas, nos nós na garganta e em todos os porres já tomados por meras banalidades.
Pensar que nesse momento só existe no universo você e ele, ele e você, mais ninguém.
Aí sim, a cabeça funciona, o corpo responde aos toques e a sua voz aparece para dizer o quanto você é feliz e que, por hipótese alguma, quer que esse momento acabe.
E finalmente você acorda, olha para o lado e se vê só. Sonho!
você levanta, toma o seu café e vai trabalhar.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sis...

Ed ora dico sul serio, sorella...

- Io non parlarne... Non si parla più su di esso

Che mi ha ferito il cuore :(


Per favore, Sis

Verdade que nem dói

As duas entraram no banheiro
confidentes.
Rímel, gloss, blush, sombras...
A mais velha segredava:
- Ele está mais lindo,
pele vistosa, cabelo comprido...
A outra tentava imaginar
que era mentira,
mas sua hermana continuava:
- Está feliz, cheio de planos.
E a mocinha mal dava ouvidos...
Mas sua conselheira continuava:
- Mas sabe, amiga...
...ele prefere ver ao Cão
que ver à ti!

domingo, 28 de setembro de 2008

rostoamarelo

Encontro naquele intervalo de tempo
um pedaço do teu rosto magro, palido, e eu como
antropofagicamente
eu cheiro cada parte da sua face esmagada num papel fosco
degustar cada pedaço do teu dente e boca sorrindo, pra deus sabem quem...
sem paisagem, sem fundo, sem tocar o chão que é de asfalto
e queima os pés descalços dos meninos que correm entre os carros
que também correm rápido
mais rápido que o susurro do som
que esta aqui e lá ao mesmo tempo
tempo que afaga absorvendo-me
escondendo tudo que não escapou por um triz .

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Há quereres e quereres dentre as querências que tanto quis.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Vil (eza)

Tua forma vil tem leveza.
E transforma até a mais baixa vileza num soneto de amor.
Tua forma vil tem clareza.
E desperta cantos e encantos nos jardins sem flor.
Sem flor, sem cor.
Sem cor é tua beleza, pois é vil.


(ps: tentativa frustrada de poesia. só pra mostrar a michelotto que eu não sou boa nisso, beijos. haha)

Mais um vaso no mundo

A cabeça doía, o corpo pesada.
Mente vazia.
Pegou a bolsa e saiu.
Antes tivesse ficado em casa, pelo menos não teria acumulado outras tantas decepções.
Ordenou às pernas já cansadas que percorressem mais alguns quilômetros .
Quisera ela esquecer o caminho de volta.
Caminhou intencionalmente desatenta pela avenida, afim de que algum cem por hora passasse por cima dela e nem percebesse.
Quem dera .. Vaso ruim não quebra.
Não quebra, não ama, não vive. Apenas existe.
Assim era ela. Mais um vaso no mundo.
O barulho do silêncio

Que som tem o silêncio?
Tem sim
O silêncio tem som...
Ou você nunca ouviu?

Sabe quando você de repente fica só?
Só, sozinho sozinho
Em um lugar quietinho... quietinho
Então se escuta : ZUUUUUUUMMMM
Encontrou!

...

Olhares apaixonados, foi o meu e o seu quando se encontraram pela primeira vez. Cada um com suas diferenças. Mas quando nos olhamos, não importava mais nada. Onde estávamos, com quem. Dane-se. Seus olhos já me bastavam. Olhos pequenos, pretos, profundos, brilhavam, hipnotizavam, me fazia tremer, mas ao mesmo tempo voar. Meu coração batia mais lento e mais rápido, naquele momento o mundo parou. A ciência não explicava mais nada, a religião não importava. Eu só queria continuar olhando... Olhando... Olhando... e se um dia eu não pudesse mais olhar, então, tocar,, se também não fosse possível cheirar, se ainda ficasse difícil e não tivesse mais nenhum dos meus sentidos. Queria só saber que você estava do meu lado... um presente de Deus que por mais que eu lute, não consigo me afastar.

Madrugada

Quer saber uma boa hora de escrever?
madrugada.
A Noite com a sua calmaria e inspiração.
Vem vindo lentamente com as história
Uma a uma
Qual a sua função?
Apenas usar as mãos
Escrevendo, escrevendo.
Até que a noite diga:
“Por hoje chega! Volte amanha talvez tenha mais.”
Passou batom pela sua boca já murcha, um batom vermelho sangue que combinava com o vestido já velho e esgarçado. Mais um encontro, mais uma tentativa de encontrar um grande amor. A mídia, a vida , os parentes continuam a insitir que já é velha de mais, a chance do grande amor já passou e ela perdeu. Passa um perfume barato, se olha , admira a roupa que já vestiu em tantos lugares diferentes, com pessoas diferentes. Coloca um flor no cabelo, pensando que hoje quer voltar para casa mais cedo. Já está cansada, esperando que esse homem possa pelo menos ser um pouco diferente dos outros com quem já deitou. Arruma a pentiadeira. Senta calça os sapatos olhando as unhas grossas e amarelas que já não são mais as mesmas. Calça uma sandalia um pouco alta, afinal as perna com varises não são fortes como anos atrás. Sai do quarto passando pelo corredor de paredes verdes. Chega na sala, acaricia a barriga do seu único, companheiro de verdade. Olhando para ele diz: “Mais uma noite, mais uma tentativa” frustrada. Apaga as luzes e vai.

Escrever

Que dificuldade de escrever.
Agora entendo o tormento dos poetas
Não que eu seja poeta
Mas que tormento
Que sofrimento
Que luta
Nada sai
Nada vem
Agora... Será que vem?
Nada.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Ela

Ela acha que merece todos os aplausos. E de fato os merece.
Por que eu não sei. Tem coisas que é melhor a gente nem saber.
Pode ser pelo sorriso ou pela pele alva e cheia de pontinhos confusos que não sabem se estão num corpo ou numa constelação.
Pode ser pela alma, que jamais nenhum outro ser humano conseguirá ter igual, ou pelos pés arredondados, pedindo por um sapato de cristal.
Pode ser pelos cabelos, que acompanham o vento em qualquer direção, mas que permanecem intactos como se nada os pudessem bagunçar.
Pode ser pelo amor que todos alimentam por ela ou por todas aquelas que pelo menos uma vez na vida já pediram aos deuses para que fossem iguais à ela.
Pode ser. Ou não.
Mas ela ainda continua a achar que merece todos os aplausos. E de fato os merece.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

pode tirar seu cavalinho da chuva

tanta tristeza travou o alazão
tanta
tristeza
travou
tonto!
triste triste triste tristetristetriste tristtristtrist
TRISHT!
foi tão grande aperto no galope miúdo
cavalo caiu.
dormiu imóvel meses mansamente
mas a ventania que o acordou o fez levantarápido.
agora a trotes largos segue...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mais um dia

Mais um dia se inicia.
Lá vai ela mais uma vez cumprir sua rotina.
Entra naquele ambiente de sempre, com os mesmos desconhecidos de sempre...
Senta-se entre eles como se fosse mais uma naquele mar de desconhecidos.
De repente ela coloca seu fone de ouvido e sem perceber, fecha os olhos.
Quando se dá conta está em outro mundo, num mundo só seu.
Tudo se passa lentamente, ela está ali, flutuando, pulando de nota em nota.
Marisa, Marcelo, Herbet, Mariana, Lulu, cantam só pra ela em seu ouvido...
Agora tudo parece tremer, querendo sair do lugar.
Aquilo a desperta.
Ela abre os olhos e percebe que ela é apenas mais uma naquele mar de desconhecidos.
É hora de descer...

Amor...


Sem in

E os lábios dos dois estranhos se viram próximos
As línguas se confundiram num só céu, num só corpo, num só desejo
As mãos se fizeram perdidas pelo caminho vastoso de curvas d'um corpo sem dono, sem dor, sem nada
Num beco sem começo, nem fim
Sem fim, sem in, sem tu
Sem infinito!

Nomediga

De liga em liga
Três ligas
Ligando de peça em peça
Prendiam
Dente abaixo de dente
E fechavam minha boca ardente
E cansava meus maxilares
Que até me impediam
De poder falar

-Nomediga nada, só obedeça ficar.


Texto editado com dicas de Michelotto!

Index.html

terça-feira, 16 de setembro de 2008

crime passional

Em seus olhos eu me sentia
senti
que querias me sentir
senti
que viveríamos olhares, apenas
senti
sem ti.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

HTML [1]

Acordo de dois.


Vamos fazer um acordo
Vamos entrar num consenso
Vamos camarada, vamos
Eu não sumo, você não some
Alguém tem que tomar partido disso aqui
Vamos camarada, vamos
As coisas não se movem sozinhas, os beijos não são feitos de uma só boca
Um passo a frente e você já não está no mesmo lugar
Vamos camarada, vamos
O instável é bom até que não se tome consciência, até que não se prove o contrário, até quando tudo for chato e parado
O caminho é logo ali, virando a direita do compromisso e o beco do juízo
Mas terão que ter quatro passos no chão
E ai camarada, vamos?

sábado, 13 de setembro de 2008

Ojos así tan verdes


Já dizia Gonçalves Dias
Que os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus.

Já eu digo que essas ondas
Tão dentro dos teus olhos
Contém força, contém vida
Pra me tragar, embriagar.

Duas esmeraldas brutas
Capazes de me hipnotizar
É Artemísia, absinto doce
Illusen nos olhos que me enlouquecem.

Pois feliz de mim então,
Que já sei qual sou depois que te vi!

Canis familiar demais

Prenha.
Os cinco outros filhotes atrás
Todos magros
Desnutridos
Com vermes.

Mal coloquei os sacos de lixo fora
Ela avançou em mim
E os rasgou com os dentes
Fazendo cair os restos da minha comida
Que já tava podre.

Vira-lata encardida
Dava a cada filhote
Um tantinho de comida
E engolia tudo
Tentando alimentar os outros em sua barriga

Depois de uns tempos
Voltava a cachorra
Com o dobro de filhotes
E já pronta pra ter mais
No cio

Mas essa cachorra...
Manuel, venha cá ver
Meu Deus do céu...
Essa cachorra
É Homo sapiens!

tentativas tentações

viver é sustentar-se
tentar-se
tenta!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Michelotto... DIGa!

Ocre, branco, dourado
Rosa, vermelho, laranja
Azul, cinza, preto
Cordas vocais, vibração, Cordas vocais
Cordas vocais, latim, Cordas vocais
Cordas vocais, grego, Cordas vocais
Caixas de som, apocalipse, Caixas de som

O mal de não saber nadar

18h. Tirou o último cigarro e o isqueiro do bolso. Acendeu. Tragou. Soltou toda a fumaça a tossir. Esperava ele. Era a hora certa.Ernesto maquinava cada ação aflito. Viu o outro dobrar a esquina. Correu em zigue-zague entre os carros. Engarrafamento. Deu de cara com ele. Gritou:

- Te mato, ricardinho de merda!

Ricardo ouviu o grito mesmo estando com os fones, e reconheceu aquela voz quase engasgada. Virou-se para ver o perigo se aproximar, temendo que o louco estivesse armado. Resolveu sair da Rosa e Silva, pegando a Bandeira Filho a passos largos, rápidos, tão grandes quanto as próprias pernas e a própria altura, finalmente valera a alcunha de Chita nos tempos de colégio, as poças por todo cantos e bueiros retornando maré cheia, chegando na Agamenon, correndo ao longo da via... Precisava chegar logo na João de Barros - lá teria abrigo e proteção - pensava enquanto esbracejava a polícia por ter removido a viatura da Aluízio. Olhou para a Agamenon, inteiramente engarrafada, travada, inerte...nervosa.

Ernesto atrás. Desarmado porém furioso. A chuva grossa. Ele ensopado. Rua ensopada. Ele odiava água.

Ricardo porém não se incomodava, até gostava: era um alívio naquela maratona forçada. Resolveu atravessar a avenida, ignorando acessos, pistas laterais e quaisquer outras coisas, até mesmo ignorou a ponte logo à frente: Antepenúltimo, penúltimo, último passo e o salto.


Ricardo não sentia mais nada, apenas a chuva e seu corpo molhado, seu corpo em posição fetal, ao seu redor, apenas o ar, e as gotinhas da chuva, transe que se acabou num duro encontro com a grama e a lama do outro lado, e sorrindo calmamente apenas ouviu um barulho de algo caindo n'água e um grito revoltado:

- Merda!!!

À Mari Gama (descrição metafórica)

A Renascença é o criador e Mariana, a criatura.
Pintura bela e branca. Neoclássica, poeta.
Se joga em tudo, pós-moderna.
Cachos de Capela Sistina, corpo de Primavera.
É ela, Mariana, pintura bela. Se joga em tudo, pós-moderna.

Ins/Ex (piração)

Inspiração vai e volta.
Vem quando quer, quanto tem, sem ninguém.
Expira, inspira. Nada.
Mais uma vez. Inspira mais devagar. Nenhum sinal.
Inspiração vai e vem. Expiração também.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ownedísmos


O poeta vive! diz:
muleque idiota, some!
Rick, the Clark diz:
muleque? pow cara, sou mais velho q vc huahuahuahuaua :P sifu
O poeta vive! diz:
voce não sabe a idade que tenho
Rick, the Clark diz:
vc tem 20, idiotão!!! eu tenho 22
O poeta vive! diz:
morra viado
Rick, the Clark diz:
é por essas e outras q vc ta aí grisalhão, um Zé Maia depois da cólera...
Rick, the Clark diz:
caro, esqueça as poesias, use grecin 5 e escute Goo Goo Dolls, esqueça Waldick... esse tá morto e enterrado!
Rick, the Clark diz:
a não ser que vc seja um cachorro huahuahuahua
O poeta vive! diz:
VIADO!
Rick, the Clark diz:
viado...???...eu? hahahaha
Rick, the Clark diz:
tua fama é grande, cara... e olhe q eu mal te conheço
Rick, the Clark diz:
mas não sou falso moralista q nem tu, respeito os homessexuais
Rick, the Clark diz:
mas se auto desrespeitar é foda

O poeta vive parece estar offline. As mensagens enviadas serão entregues quando esse usuário entrar.

Rick, the Clark diz:
é foda conversar com covardes... também te odeio, veadão!



Ares

Respirando ares
Aos pares
Bobagens
Miragens
Às margens
Respirando ares
Lugares
Verdades
Respirando o mundo
No fundo
Amores
As flores
Ar
Ares

Lembrança




Lembrança

Não anda
Ele comanda
Do coração ele me arranca:
Quatro cadeiras no fundo de uma sala branca!

o porquê d'um suspiro

ai ai...
(ar para dentro)
...
(ar para fora)
...

por trás d'um suspiro
um nó
que se desata
ou se fortalece

por trás d'um suspiro
os segredos
mas que importa a causa
se o que há é o suspiro?

inspiro
expiro
susPIRO

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Não pesa dela.

Ouvi a voz dele macia, sussurrada:

- Peça-me a benção, estou indo embora...

- Bêss pai - murmurei, irritada - pagaluz pai.

A luz se apaga. Eu tento dormir novamente. Mas hey, não... Levanto rapidamente...

- Pai, volta aqui!! - chamo, abrindo a porta.

Casa vazia. Fechada. Chamo por minha mãe. No mesmo momento escuto barulho de chaves.

Olho pela janela. É ela, mainha...

- Mãe, fosse onde - pergunto, ainda esfregando os olhos de sono.

- Afogados - a resposta direta, cheia de sacolas nas mãos - pega a chave aí, abre e me ajuda!

- E meu pai? - perguntei, confusa - cadê ele?

- Que tem teu pai? - estranhou minha mãe - tá sonhando menina?

E enquanto eu ia pegar as compras, minha mãe olhava pra mim... dizia:

- Acorda, menina!

Pesa, dele.


Segui novamente para a sala. O Paulo e a Polly acabando a aula. E eu, pra onde levaria o meu Paulo?

Noite chata, campus chato... Queria e não queria ir pra casa. A fome arranhando a barriga.

- Vamos pra casa? - perguntou meu pai, como se fosse algo simples.

- Você não tem pra onde ir? - claro, estava assustada, eu não podia deixar meu pai entrar em casa... não moro sozinha!

- Ter, tenho - falou o velho, cheio de 'mas-mas' - quero ver Cícera...

- Bebeu? - reclamei, confesso que fui um pouco rude nessa hora - mainha não vai querer te ver.

- Não quero que ela me veja, quero vê-la - explicou-se, cabisbaixo.

Senti que realmente ele queria vê-la, ainda sentia amor por ela... talvez. Atrás de nós, Paulo e Polly, pra pegar o mesmo ônibus.

Ficamos nós quatro olhando um pra cara do outro. Se falássemos, estaríamos cometendo erros gravíssimos. O ônibus chega, subimos. Fiquei na frente com meu velho, pensando como agir diante da minha mãe... claro... ela estaria no ponto me esperando.

Olhei no relógio. Seis e quinze. Janela: altura do Makro. Pedi parada e desci, puxando painho (adoro falar 'painho', e adoro puxar ele). Olhei o ponto... escuro, deserto. Onde diabos minha mãe se enfiou?

O velho atrás de mim, cochichando, perguntando por ela...

- Não, pai , não chegou... temos que ir andando pra lá pra casa.

- É a mesma casa? - quis saber o velho.

- Não. O babaca aumentou demais o aluguel e não queria ajeitar aquela bagaça. Saímos de lá e ainda moramos em uma casa na José Barata...

- E agora, estão onde - interrompeu ele - no mesmo bairro?

- Claro - respondi rindo - nos mudamos pro outro lado da rua.

Gargalhamos pela avenida, abraçados. Primeira vez que me senti calma perto dele, estávamos verdadeiramente descontraídos . Beijei sua careca, sentindo nossos últimos instantes juntos. Em menos de dez minutos já estávamos na minha rua. Tempo que passa muito rápido quando conversamos merda e fofocamos dessa raça de cocô de louro.

Andapádiante :)

A rua escura (Celpe cortou?!). Notamos um carro estacionado na frente de casa...

- Namorado? - enciumou-se o velho.

- Não, acho que não - respondi acalmando-o - deve ser cliente...

- Ah, claro - soltou meu pai batendo com a mão na testa.

Ficamos espiando pelos combogós do muro. Ah, era Nivaldo, cliente antigo... e ela, mainha.

- Ela está mais linda do que nunca - suspirou meu pai.

Eu apenas ouvia, prendendo a lágrima do olho esquerdo. Mas meu pai acabou espirrando. Alto. Inconfundível. Minha mãe olhou rápido em nossa direção e viu nossos olhares. Saiu ao portão pra ver melhor.

'Fria, entramos numa fria', eu pensava enquanto olhava nos olhos frios dela...

- Pai quer falar com a senhora, mãe - disse eu, me assustando a cada palavra que eu proferia.

Meu pai apenas olhava atento.

- Entrem - ordenou minha mãe.

Entrei na frente, puxando meu pai pela mão. Ficamos na sala. Minha mãe, para minha surpresa, sorriu. Eu entendi que não podia perguntar nada, era segredo deles.

Mesmo com aquilo tudo que aconteceu há dez anos, ela olhava para ele com uma doçura que eu nunca vi igual... Daí não posso explicar direito essa parte, também porque minha mãe me mandou comprar pão... na padaria do Maia, o Portuga. Fui pra calçada e falei com Nivaldo. Aproveitei e peguei uma carona até a rua principal.

Fiquei calada pra não dar trela pra o cliente não perguntar besteira. 'Vai que depois ele espalha por aí que Paulo voltou!' , pensei, enquanto fingia não saber quem era o velho. Talvez Nivaldo soubesse de tudo e soubesse que tinha que ficar calado, pois Paulo Queiroz é deveras vingativo...

Desci e agradeci a carona. Comprei o pão, rapidíssimo. Voltei pra casa mastigando um chiclete qualquer. Cheguei em casa. Deixei o pão na mesa. Queria entrar logo na net. Mas... quarto fechado. Forcei. Fechado? Trancado?

Minha mãe tocou meu ombro...

- Seu pai tá cansado.

Certas coisas a gente não pergunta e tampouco comenta. Ela me guiou até a sala e me deu cinco reais. Mandou eu ir à lan, aproveitar a deixa. E que esquecesse o assunto. E que voltasse às vinte e duas.

Aproveitei geral, lanchei na lan house da praça, conforme mandado. Loguei no Neopets, no MSN e no Orkut, e quando bateu o sono, paguei tudo e fui me arrastando até em casa.

Minha mãe sorriu na porta:

- São quase meia noite, pentelha! Vai ter aula amanhã não? - pilheriava enquanto trazia a chave - Te lava e dorme!


Me arrastei, me lavei, comi e caí na cama. Murmurando pedi a benção à minha mãe, que estava velando meu sono...

E adormeci.

Laura


Laura sentia que devia ligar. Queria fazer sua vontade. Sua, só sua.
Mas não. Achou melhor se recolher e fingir que não existia mais nada além dela e de sua coberta listrada. Pobre Laura.
Tantos desejos, tantas virtudes, tanta falta de coragem. Pobre Laura.
Ela sorri mesmo assim. Por que não?
Um sorriso branco, mostrando os dentes simetricamente encaixados.
Mas para quem ela sorri?
Provavelmente para alguém que um dia verá algo além de seu sorriso branco e para quem ela não exitará em ligar debaixo de sua coberta listrada.
Pobre Laura.

Só na quinta de manhã.

Meu pai não acordou às 4:32 da manhã.
Ele não me cutucou quando acordou.
Não escovou os dentes rapidamente e nem saiu com o pálido poodle que dormia no meio da sala.
Não ligou o computador para trabalhar às 4:48 da manhã.
Não andou pela casa acompanhando o assobio dos tantos passarinhos dispostos pela casa estreita.
Não reclamou da incompetencia de ninguém, nem minha nem dele mesmo.
Não me acordou balançando meu dedão do pé, como costumara fazer todos os outros dias.
Não me fez levantar rapidamente, como num susto.













Eu não dormi em casa.













.
Minha forma favorita de texto: (de dentro do ônibus, em piedade)

De ponto em ponto se costura uma constelação

Que foi feita pra decorar todas as noites,

Para fazer inveja a todos os brilhos,

E como acalanto botar pra dormir todos os sorrisos.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Oxo/AL

Preencho vazios
Faço descaso do acaso. Acasos
Me sufoco pelo óbvio
Entendo tudo
Não entendo nada
é
oxo
al
Paradoxo
Paradoxal

.existirexistindo.

Coexistencializar-se!

Existir em outro, outro lugar, outra época...
Permitir-se ser igual sem ser; é ser você em outro ser.
Mais ou menos como escreví mais abaixo.
Essa idéia me ocorreu quando refletindo refleti acerca do (meu) existir facilmente percebido em outros que por vezes me eram estranhos.

Válido é existir.
Existir sem ter que não-existir pela existência do outro.
Não ter medo de se ver em outro e utilizar-se disso para crescer.

Coexistencializar-se!

2 Paulo. 2 Polly = Nada

Nos intestinos do Teatrão, eu e os velhos a andar. Michelotto à frente, Queiroz mais atrás. Eu calada, mais atrás ainda.

Estranho como os dois Paulos se olhavam.Finalmente chegamos à sala. Todos os alunos estavam lá, a monitora também...

- Oi querida! - exclamou Polly - esse é seu avô?

- Oi Polly... - eu respondi - não, é meu pai, Paulo.

- Ele... - a bailarina se interrompeu, tapando os lábios com a ponta dos dedos - seja bem vindo, seu Paulo.

Meu pai apenas meneou a cabeça, sério. O outro Paulo estava extremamente calado. Incrivel e estranhamente calado. Não calmo.

Todos os meus colegas me faziam a mesma pergunta:

- É seu avô?

Ficava séria, tão séria como há dez anos atrás. Que ódio, que pai velho... e ele tão mais velho hoje.

A Polly bailarina seguiu com os alongamentos joviais. E mais jovial que o Paulo dos 64, era o Paulo dos 78 anos, meu velho pai jovial. Que pai velho! Dois horríveis velhinhos, adoráveis Paulos, terrivelmente calados, falsamente amigáveis, a seguir os exercícios, com seus olhares infinitos.

Entre um exercício e outro, cheguei em Polly, cochichei:

- Vou no banheiro, já volto.

Olho pra trás, vejo os dois Paulos também a cochichar. Malditos! Desço pelo elevador, imaginando que assunto seria.

Revoluções?

Coisas da ditadura?

Ah, então seria Michelotto o motivo real da volta do meu velho?

Ou Michelotto tava dedurando sobre minhas loucuras daquele dia do nada?

Saí do elevador correndo, corredor, porta , porta, vaso...

Ahhhh, arriei as calças, sentei, mijei.

Olhei o relógio. Seis horas. Merda... hora de ir pra casa!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Vermelho


Tudo vermelho!
Não, na verdade tudo verde. Pensando bem .. essa cor cai mais para um cinza, cinza platina. É isso! cinza platina.
A que ponto cheguei, ãn? Observando as nuances de uns descascados de tinta velha.
É triste me pegar olhando tão detalhadamente esse tipo de detalhe que ninguém repara. Só quando vão pintar novamente as paredes, o que não é meu caso.
Na verdade, meu caso é bem mais grave, acho que não se resolveria com umas simples demãos de tinta. Teriam que usar camadas grosseiras de gesso por cima de todo esse afresco. É, porque só pode ser afresco. Eu tento me livrar quebrando a droga das paredes, mas nada. Olha o cinza platina aparecendo outra vez. Ê vida!
Metáforas. E ainda me pego usando metáforas, pode? Não sei mais o que faço comigo e com minhas metáforas. Minha vida virou uma grande metáfora, com pedaços descascados de cinza platina.
Vida cinza platina, paredes metafóricas, vida cinza platina. É, definitivamente preciso me mudar.

Língua.

Sei lá, é tudo muito antigo.
Meu novo é blasé, um clichê.
Mon petit, souvenir.
Eu me enrolo toda nessa lingua.
Tua língua, mon'amour, tua língua.

Coexistiência

És eu em ser
Ser eu em tí, te ser.
Não ser sem ser você?
Se meu ser é ser você.

Não sabendo assim ser
Consigo não ser o ser.
Sem ter como nem quem ser,
Sonho ser o que tiver pra ser.

sábado, 6 de setembro de 2008

2Paulo . X = 3 N

Naquela parada, eu evitava olhar para ele... era um sentimento estranho... talvez medo. Mas também sentia uma alegria imensa (será sonho?!), algo que acontecia direto nos meus sonhos, acontecer assim, e quase sem explicação...

- Pai... - chamei-o.

- Diga, filha - respondeu atento, mas calmo.

- Me explica como você desapareceu assim, como conseguiu atestado de óbito? - perguntei, e como senti que era o momento oportuno, disparei o resto das minhas dúvidas - quem mais sabe? E minha mãe? Pra quê você...

- Cala a boca! - interrompeu ele, gritando, nervoso - Não te interessa, moleca!

Tive medo, muito medo. Eu tinha esquecido desse lado bruto do meu pai. Bruto e doido: estávamos apenas eu e ele no ponto de ônibus. Se eu falasse mais alguma coisa, das três uma: ele me batia (ou me matava), se fazia de vítima pedindo socorro ou simplesmente iria embora pra dessa vez nunca mais voltar. Fiquei calada, maquinando isso na hora...

Ele olhava pra mim, com uma cara de arrependido. Aquela hora também me lembrei dos ataques de arrependimento que ele tinha, só faltava alí ele me comprar algo, pra se desculpar, como sempre fazia quando eu era criança.

Vinha nosso ônibus. Subimos. Eu passei pela catraca e ele ficou na frente, sentadinho... idoso... 77 anos!

Até que foi um alívio eu ter ficado longe dele nesse percurso. Até encontrei Thomas, meu novo amigo francês e todo enrolado. Bem preferível falar um francês tosco que ouvir os gritos de meu pai... Ah, eu tinha esquecido como eu me irritava fácil com ele...

Menos de dez minutos depois, já estávamos descendo... O velho, já irritado, queria logo água. Chegou perto do vendedor e pediu duas garrafas. Me assustei e com certeza o vendedor ficou muito assustado quando meu pai tirou da carteira um bolo de notas de cem, tirou uma e pagou.

- Meu senhor, tenho troco não - desculpou-se o rapaz.

- Sem problemas, meu jovem, fique com o troco - disse meu pai, com um sorriso no rosto, enquanto o vendedor estupefato mal conseguia se mexer com a nota nas mãos.

Finalmente, o Teatrão! Olhei no relógio: duas e quinze. Cuspi um palavrão qualquer. Peguei o velho pelo pulso e segui rápido para dentro. Na recepção, outro Paulo lá estava. O Michelotto.

E Paulo e Paulo se entreolharam. Olharam se até muito. Muito demais para meu gosto. Desgosto

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Encontrando Queiroz


Atrasada, queria chegar cedo pra aula. Inda mais aula de Michelotto, e com minha xará alí monitorando, ficaria difícil eu chegar despercebida. Logo nessa segunda feita,uma hora mais meia hora, os textos por encenar ainda...

Ah, o mercadinho! Entrei para comprar meu biscoito de sempre... Ei, pera aí? Vejo um burburinho...

Curiosa, entro. E vejo... Paulo...

Queiroz...

de Oliveira!!!

O mesmo velho enrugado que foi embora há quase 10 anos... Mas dessa vez está mais jovial que nunca. Paulo...
Empurrei-o, tocando-o : Não acredito... PAULO ESTÁ MORTO, MORTO!!!!

Ele continuou a olhar para mim... e me pede:

- Me abraça, Polly...

- Você está morto! - respondi baixinho, olhando em seus olhos, segurando em seus braços...
Perdendo essa força aos poucos - morto...

Ninguém no estabelecimento olhou pra gente, todos ocupados em seus afazeres, quinze prás duas. Arrastei-o para fora:

- Tá me atrasando! - disse , reclamando - Vamos!

- Pra onde, pra UFPE? - perguntou o velho, com certo interesse.

- Como você sabe? - retruquei assustada, como ele saberia?

- Filha, com essa camisa amarela cheguei, como eu não iria notar esse brasão aí? - brinca ele - sou velho mas não sou mais cego... fazes artes?

- Si-sim... - respondo assustada.

O velho me interrompe e fala:

- Ótimo, eu sabia que irias escolher isso mesmo. Vamos lá, quero conhecer...

- Hey - interrompo-o - o senhor ainda não me explicou essa sua reencarnação, reessussitação, o que for!

- Você foi ao meu enterro? - ironiza, o cenho mais franzido ainda - foi??

Entreguei os pontos... é , gente... não fui ao enterro do velho...

- É , pai, teus filhos me contaram tempos depois...

E quando notei, já estávamos no ponto de ônibus... e êpa, lá vem um CDU/ Shopping, vamos pai!!!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Pronto! Nosso espaço está criado!

Bem...

Como me foi mandado, criei nosso bloguinho para que coloquemos nossos textinhos bonitinhos para nosso vovôzinho (huahuahua) ler! Fofo, não?

Aproveitando, vou deixar claro que o visual do blog não vai ficar esse ( vou colocar uns templates e vocês escolhem o melhor na comunidade...

Outra coisa é que quero que vocês deixem na comu, no meu scrapbook, colado na minha camisa, etc... o email de vocês pra que eu adicione aqui e deixe vocês como colaboradores. Apenas colaboradores, assim como a minha conta.

Essa conta com a qual estou escrevendo é a partir do email de nossa thurminha (artesplasticas2008@hotmail.com) só pra melhor organização, então qualquer coisa que vocês queiram colocar link, frescurinhas e etc, basta entrar :D.

Outras coisas que eu inventar irei deixar na comunidade ou em posts espalhados por aqui.

Atenciosamente,

Pollyanna Ferreira.