quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Pesa, dele.


Segui novamente para a sala. O Paulo e a Polly acabando a aula. E eu, pra onde levaria o meu Paulo?

Noite chata, campus chato... Queria e não queria ir pra casa. A fome arranhando a barriga.

- Vamos pra casa? - perguntou meu pai, como se fosse algo simples.

- Você não tem pra onde ir? - claro, estava assustada, eu não podia deixar meu pai entrar em casa... não moro sozinha!

- Ter, tenho - falou o velho, cheio de 'mas-mas' - quero ver Cícera...

- Bebeu? - reclamei, confesso que fui um pouco rude nessa hora - mainha não vai querer te ver.

- Não quero que ela me veja, quero vê-la - explicou-se, cabisbaixo.

Senti que realmente ele queria vê-la, ainda sentia amor por ela... talvez. Atrás de nós, Paulo e Polly, pra pegar o mesmo ônibus.

Ficamos nós quatro olhando um pra cara do outro. Se falássemos, estaríamos cometendo erros gravíssimos. O ônibus chega, subimos. Fiquei na frente com meu velho, pensando como agir diante da minha mãe... claro... ela estaria no ponto me esperando.

Olhei no relógio. Seis e quinze. Janela: altura do Makro. Pedi parada e desci, puxando painho (adoro falar 'painho', e adoro puxar ele). Olhei o ponto... escuro, deserto. Onde diabos minha mãe se enfiou?

O velho atrás de mim, cochichando, perguntando por ela...

- Não, pai , não chegou... temos que ir andando pra lá pra casa.

- É a mesma casa? - quis saber o velho.

- Não. O babaca aumentou demais o aluguel e não queria ajeitar aquela bagaça. Saímos de lá e ainda moramos em uma casa na José Barata...

- E agora, estão onde - interrompeu ele - no mesmo bairro?

- Claro - respondi rindo - nos mudamos pro outro lado da rua.

Gargalhamos pela avenida, abraçados. Primeira vez que me senti calma perto dele, estávamos verdadeiramente descontraídos . Beijei sua careca, sentindo nossos últimos instantes juntos. Em menos de dez minutos já estávamos na minha rua. Tempo que passa muito rápido quando conversamos merda e fofocamos dessa raça de cocô de louro.

Andapádiante :)

A rua escura (Celpe cortou?!). Notamos um carro estacionado na frente de casa...

- Namorado? - enciumou-se o velho.

- Não, acho que não - respondi acalmando-o - deve ser cliente...

- Ah, claro - soltou meu pai batendo com a mão na testa.

Ficamos espiando pelos combogós do muro. Ah, era Nivaldo, cliente antigo... e ela, mainha.

- Ela está mais linda do que nunca - suspirou meu pai.

Eu apenas ouvia, prendendo a lágrima do olho esquerdo. Mas meu pai acabou espirrando. Alto. Inconfundível. Minha mãe olhou rápido em nossa direção e viu nossos olhares. Saiu ao portão pra ver melhor.

'Fria, entramos numa fria', eu pensava enquanto olhava nos olhos frios dela...

- Pai quer falar com a senhora, mãe - disse eu, me assustando a cada palavra que eu proferia.

Meu pai apenas olhava atento.

- Entrem - ordenou minha mãe.

Entrei na frente, puxando meu pai pela mão. Ficamos na sala. Minha mãe, para minha surpresa, sorriu. Eu entendi que não podia perguntar nada, era segredo deles.

Mesmo com aquilo tudo que aconteceu há dez anos, ela olhava para ele com uma doçura que eu nunca vi igual... Daí não posso explicar direito essa parte, também porque minha mãe me mandou comprar pão... na padaria do Maia, o Portuga. Fui pra calçada e falei com Nivaldo. Aproveitei e peguei uma carona até a rua principal.

Fiquei calada pra não dar trela pra o cliente não perguntar besteira. 'Vai que depois ele espalha por aí que Paulo voltou!' , pensei, enquanto fingia não saber quem era o velho. Talvez Nivaldo soubesse de tudo e soubesse que tinha que ficar calado, pois Paulo Queiroz é deveras vingativo...

Desci e agradeci a carona. Comprei o pão, rapidíssimo. Voltei pra casa mastigando um chiclete qualquer. Cheguei em casa. Deixei o pão na mesa. Queria entrar logo na net. Mas... quarto fechado. Forcei. Fechado? Trancado?

Minha mãe tocou meu ombro...

- Seu pai tá cansado.

Certas coisas a gente não pergunta e tampouco comenta. Ela me guiou até a sala e me deu cinco reais. Mandou eu ir à lan, aproveitar a deixa. E que esquecesse o assunto. E que voltasse às vinte e duas.

Aproveitei geral, lanchei na lan house da praça, conforme mandado. Loguei no Neopets, no MSN e no Orkut, e quando bateu o sono, paguei tudo e fui me arrastando até em casa.

Minha mãe sorriu na porta:

- São quase meia noite, pentelha! Vai ter aula amanhã não? - pilheriava enquanto trazia a chave - Te lava e dorme!


Me arrastei, me lavei, comi e caí na cama. Murmurando pedi a benção à minha mãe, que estava velando meu sono...

E adormeci.

2 comentários:

Anônimo disse...

o título tá massa
não vou ficar repetindo toda hora que tá legal, tá legal?
ksssssssss
Nono
tilsf(Digite os caracteres exibidos na imagem acima.heheheh)
IH! agora é osutyc!!!

maisumverso disse...

Polly, to acompanhando o mais atento que posso a sua novela *_* tá otima!