segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Capitulo Três

Vovó

Meu professor é uma pessoa ótima. Ele dá aula de oficina de Dramaturgia e nos mandou escrever cinco minutos por dia. Bom eu pensei... Pensei... Pensei... Pensei... E não sabia o que escrever. Então pensei mais um pouco...
Pensei... Pensei... Foi aí que lembrei de uma pessoa excêntrica que mora comigo desde que nasci. Minha avó! Tem gente que ainda tem a sua, tem gente que não. Mas a minha é diferente de todas as avós que você conhece no mundo!
Lembra das velhinhas que fazem biscoitos, costuram, e amam os seus netinhos. Bem, nunca aceite um biscoito da minha avó, pode estar envenenado. Eu posso até estar exagerando um pouco... Mas é algo de outro mundo.
Minha avó se chama Azeret, ela teve uma vida muito difícil. Nasceu em 1925, quando tinha uns 14 anos minha bisa avó (Abgaiu) pediu para ela fazer um café, minha vó disse que não ia tomar, mas faria. Quando ela disse isso Abgaiu jogou um pedaço gigante de sabão em barra na cara de sua filha. Nossa Azeret ficou com o olho inchado uma semana. Essa foi umas das histórias. Sabe o Titanic, que o capitão falou: “Nem Deus pode afundá-lo!”, eu não acredito muito, mas minha vó teima em dizer que odiou o que esse homem disse e mandou os capangas dela furar o navio. É, minha avó teve capangas sim. Quando era mais jovem liderou um grupo de extermínio, ela já matou dói maridos. O primeiro foi Otavio, que namorou ela pouco tempo e a trancou dentro de casa, além de bater muito em Azeret. Uma semana depois do acontecido, Otavio apareceu cheio de formiga na boca, em Jacarepaguá. O segundo foi meu avô Hilo, era muito namorador, teve uma amante muitos anos, minha vó sabia, mais quis poupá-lo, acho que ela o amava muito e não conseguia fazer nada de mal, até que meu vô deu bobeira, e cantou a musicada figueira, vovó odeia que cante perto dela, até hoje eu não entendo o porque. Hilo morreu com 12 facadas na barriga. Você deve estar se perguntado, como ela nunca foi presa. Dois simples motivos. Um, minha vu era enfermeira, ela dava entrada dos corpos no hospital como se ela tivesse encontrado eles na rua, (não fique se perguntando, mas não sei o que, contente-se, pela minha segurança eu só poso falar até aqui.), a segunda coisa: A miserável de Azeret tem uma cara de santa, ele parece o gatinho do sherk, até você viraras costas e sentir uma facada.
Hoje, minha vozinha está bastante debilitada, não tem mais a astúcia da juventude. Só restou do seu passado, a língua. A dela é tão poderosa, tão, que se ela morder a própria, morre envenenada. Nunca vi, nem nas piores vilãs de novela, mulher para falar tão mal dos outros igual a ela. Minha vó tem 90 anos, mal consegue andar direito, o médio diz que a saúde dela é tão boa que ela vai viver mais que essa geração. Foi comprovado o ditado: “Vaso ruim não quebra!”. Mas mesmo com tanta maldade, eu vou sentir falada rabugentice, chatice, periculosidade, e carinho e amorque ela tem por mim.

Nenhum comentário: